Dietas milagrosas, que prometem ser definitivas, e receitas que promovem a eliminação dos tais quilinhos extras são divulgadas aos montes nas redes sociais, nos sites e nas revistas populares. Mas será que elas funcionam de verdade? O Blog Homeopatia e Saúde foi descobrir o que há por trás dessas promessas para ter o corpo perfeito. Leia, compartilhe e mude seus hábitos.

Antes de falarmos sobre o que dá certou ou não em uma dieta, é preciso entender que emagrecer e perder peso são coisas diferentes. Emagrecer é resultado da eliminação de gordura corporal. E perder peso significa diminuir quilos na balança (no geral). Acontece que uma pessoa pode perder peso, sem emagrecer. Viu como é diferente?

download (1)“Dependendo de como acontece essa perda de peso, a pessoa pode, na verdade, tornar-se mais gorda em termos percentuais. Por exemplo, o individuo eliminou peso às custas de perda de massa magra, de músculo, e a gordura dela se manteve. Então, do ponto de vista percentual ela está mais gorda”, explica Guilherme Artioli, professor doutor especialista do laboratório de Nutrição e Metabolismo da Escola de Educação Física e Esporte, e docente da Escola de Educação Física, ambos da Universidade de São Paulo, USP.

É importante saber que é possível, e até bem provável, emagrecer sem perder peso, uma vez que o músculo ocupa menos espaço do que a gordura. “É uma coisa que acontece frequentemente quando você faz exercício físico. Perde gordura, mas, ao mesmo tempo, aumenta a massa magra muscular. Então, o peso na balança praticamente não muda. Mas a pessoa emagrece e esse é um resultado muito importante do ponto de vista da saúde e, inclusive, da estética”, explica o especialista.

Para verificar se uma pessoa está mesmo emagrecendo, mais do que ficar atento ao número da balança, outros pontos têm que ser observados, como medidas e a porcentagem de massa muscular que ela tem. Esse valor de massa magra é obtido através de um exame simples, chamado “biopedância” ou em balanças especiais, que a pessoa deve subir sem os sapatos, para que seja medida a porcentagem do corpo de músculos, gordura, ossos, etc.

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Dietas funcionam?

A maioria das dietas propõe retirar itens da alimentação, ou seja, restringir o que se consome. Do ponto de vista do peso, essas dietas podem ser eficazes, pois realmente a pessoa pode eliminar quilos. Porém, uma pessoa pode até conseguir restringir sua alimentação por um tempo, mas a aderência (permanência) em longo prazo dessas dietas restritivas é extremamente baixa.

“Existem estudos que analisam a quantidade de pessoas que se mantêm na dieta ao longo do tempo. Mas depois de um ou dois anos é praticamente zero o número de pessoas que se mantém firmes na restrição. As pessoas vão abandonando essas dietas e até aqueles que possuem muita força de vontade não conseguem transformar essas dietas muito restritivas em hábitos para o resto da vida”, comente Guilherme Artioli.

Quando a pessoa que conseguiu perder peso (não necessariamente emagrecer) abandona a restrição alimentar, voltando aos hábitos alimentares anteriores, a tendência é recuperar o peso, junto com os antigos hábitos. É aí que mora o “efeito sanfona”, ou os ciclos de perder e ganhar peso. “Isso causa efeitos prejudiciais à saúde e já está bem descrito na literatura cientifica. Na verdade, a existência desses ciclos de perde e ganha peso é pior do ponto de vista da saúde, do que manter um peso elevado constantemente”, descreve o professor.

imagesO especialista apontou como prejudicial alguns métodos para emagrecer mais divulgados e praticadas atualmente: “Eu diria que a principal estratégia que as pessoas usam são as dietas restritivas e por dietas restritivas entende-se que as pessoas cortam algum nutriente. Por exemplo, cortam carboidrato ou diminuem muito a ingestão dele. Dieta restritiva também é cortar coisas especificas da alimentação. Ou ainda do ponto de vista calórico, diminuem muito o consumo alimentar geral.  São aquelas pessoas que ‘pulam’ o jantar ou diminuem muito a quantidade de alimentos em todas as refeições. Isso inclui a maioria das dietas da moda do tipo emagreça três quilos em cinco dias, cada um inventa a sua, mas são todas dietas restritivas”, relata Guilherme Artiolli.

Outro ponto a se observar quando se restringe a alimentação que normalmente será de algo que a pessoa gosta, e tem o hábito de consumir, e isso pode desenvolver um caso de compulsão. “Quanto mais a pessoa se priva mais ela pensa naquilo que ela não pode comer. Cedo ou tarde, ela vai ceder à tentação e na hora que ela se permitir, ela terá um episódio compulsivo é muito grande”, expõe o doutor.

 

Qual a solução?

images (1)A alimentação é importante para se manter saudável e para ter qualidade de vida, mas é também uma fonte de prazer. Por isso, o especialista recomenda que ter uma relação saudável com a comida é muito mais importante do que pensar no que pode ou não comer. Aprender a ter prazer com a alimentação não é consumir um único alimento compulsivamente, até não aguentar mais. Pois isso não é uma relação equilibrada.

Resumir a alimentação no pensamento “devo ou não comer isso?” é muito superficial. A questão é “eu sinto desejo de comer esse alimento e o quanto eu desejo comê-lo?”. Algumas vezes, as pessoas comem quantidades absurdas de um tipo de alimento e nem se dão conta de que estão comendo tanto. É a velha história de abrir um pacote de salgadinho ou pegar uma barra de chocolate, ligar a televisão e começar a comer. No começo você até sente o sabor, aquilo te agrada, te dá prazer. Mas, de repente, você está prestando atenção no filme ou em outra coisa e o ato de comer continua. Nem se dá mais conta que está ali num ato mecânico, mas, quando dá conta, já foi uma quantidade exagerada. Então, vem o sentimento de culpa e a experimentação de sensações negativas do ponto de vista psicológico.

Em nutrição existe um conceito chamado mindfull eating, que significa comer consciente. Quando for comer, pense: “Eu vou escolher meus alimentos com base no que mandaram eu comer, no que eu gosto ou no que eu quero naquele momento?”. Por exemplo, digamos que já tenha almoçado, quer uma sobremesa e gosta muito de chocolate, mas escolhe comer uma maçã e passa o resto do dia pensando no chocolate que não comeu. Na hora em que for comer esse chocolate, a chance de consumir uma barra inteira é enorme. Mas se você tiver consciência de que quer comer chocolate agora, vai comer chocolate agora, e não precisará de uma barra inteira, será apenas suficiente para se sentir satisfeito.“Essa é a relação que devemos ter com o alimento, muito mais do que ficar buscando um único jeito certo de se alimentar. Os alimentos que fazem bem, ou o bonzinho ou o vilão. Esse modo de pensar a alimentação que eu creio ser errado”, explica Guilherme.

Para o professor doutor, a melhor, mais saudável e duradoura forma de emagrecer é por meio de uma reeducação alimentar, que faz você ter um relacionamento saudável com a comida e pela prática constante de atividade física:

“Então o ideal é que consiga fazer mudanças nos seus hábitos, que aprenda a se relacionar com a alimentação de tal forma que possa obter o prazer de se alimentar e ao mesmo tempo fazer isso de uma forma saudável e equilibrada. Isso poderia levar a uma perda de peso ou emagrecimento significativo e sustentável em médio e longo prazo. Se tudo isso for combinado com prática regular de exercícios físicos o resultado será ainda melhor”, concluí o especialista.