Na tv, nas revistas e até na rua, somos infestados por uma enxurrada de anúncios sobre shakes e complementos nutricionais desse tipo. Quem começa a frequentar uma academia, logo se depara com colegas com suplementos, explicando os benefícios do consumo desse ou daquele produto. Mas nem tudo que ouvimos podemos ter como certeza absoluta.
Para Marcelo Ferreira, Nutricionista Esportivo e Funcional, o consumo desse tipo de produto não deve ser feito como substituição de refeição, e sim como complemento nutricional. “Eu costumo orientar meus pacientes a usarem como um lanche de valor proteico alto, ou antes de praticar o exercício físico. Costumo também explicar para meus pacientes que tenham um estilo de vida corrido, e as vezes não têm tempo de fazer uma refeição corretamente. Ou seja: numa exceção, o uso de shakes para substituir a refeição pode ser interessante pela praticidade, mas não pode ser uma rotina.”
Já para Angélica Longo, Nutricionista especialista em Reeducação Alimentar, Nutrição Materno Infantil e Nutrição Celular, o uso de shakes nas dietas de controle de peso é eficaz pois proporciona uma dieta de menor valor calórico. Angélica alerta para a escolha certa da marca do produto. “Existem várias marcas no mercado, é preciso verificar a formulação, registro na ANVISA e correta forma de uso. Os shakes são auxiliares, não exclusivos em uma dieta.”
Bruna de Holanda Carnelosso, nutricionista com experiência em clínica médica e atendimento em hospital, ressalta que o uso prolongado desse subterfúgio pode ter o efeito contrário à dieta, já que nosso organismo é inteligente. E, entendendo que não há a ingestão de calorias abundante, “economiza” no gasto energético, tornando o processo de emagrecer mais difícil. “Quando a pessoa mantém por um tempo uma dieta de valor calórico muito menor do que o necessário para o organismo ocorre um mecanismo de defesa natural em que o corpo ‘economiza’ energia, evitando perda calórica. Então se obtém o efeito contrário do desejado. Para substituir uma refeição o shake deve ter (preparado como na instrução do rótulo) e apresentar pelo menos 200 calorias, o que já é pouco para uma refeição mas alguns não apresentam nem isso.”, explica a especialista.
Marcelo Ferreira também explica que o uso prolongado da dieta de substituição de refeição, pode causar um dano no organismo. “O uso por um tempo prolongado pode causar uma atrofia no estômago. Emagrecer não é apenas perder peso. É importante perder massa gorda mas manter ou até ganhar massa magra. O uso indiscriminado de shakes, sem o acompanhamento correto pode ter um efeito na balança, mas perdendo também massa magra, o que não é bom para ninguém”, explica o nutricionista funcional.
“A reeducação alimentar não passa pelo uso de shakes. A reeducação alimentar envolve primeiramente uma mudança na essência de como pensamos, através da prática da mudança de hábitos e quebra de paradigmas que muitas vezes não são facilmente entendidos e praticados. Se analisarmos as pessoas que fazem o uso de shakes para emagrecer, podemos notar que em geral, engordam novamente tudo o que perdeu ou até mais. Portanto, eles não funcionam”, avalia Bruna.
“Dieta é tudo que ingerimos todos os dias. Podemos ter períodos de dietas específicas, para diminuir peso, ganhar massa, na amamentação, pré competição etc. Mas uma dieta equilibrada deve conter todos os grupos de nutrientes em equilíbrio. Se o indivíduo fizer uso exclusivo de shakes de qualidade duvidosa por um longo período virá a ter prejuízo nutricional. Mas se utilizar os de boa qualidade, com um objetivo específico, o consumo diário pode ser de uma a duas substituições de refeição sem nenhum prejuízo a sua saúde.”, defende Angélica Longo.
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