Todos temos algum grau de ansiedade – e isso é positivo; entenda porque é positivo e quando deixa de ser bom e se torna doença.

A ansiedade é uma reação fisiológica do ser humano, assim como rir, chorar, sentir medo, estar triste, etc. E não é doença: é um mecanismo de defesa, que deixa a pessoa em estado de alerta diante de situações que possam representar alguma ameaça. Todos os animais vertebrados possuem esse sistema – do peixinho no aquário àquele senhor que dorme na cadeira de balanço.

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Os animais e pessoas preocupados, ou seja, ansiosos, foram, ao longo da evolução, favorecidos pela seleção natural. Imagine um cenário pré-histórico e um tigre-dentes-de- sabre aparece, silencioso, procurando alguém para jantar. Aqueles mais inquietos, atentos ao mundo ao redor tinham melhores chances de sobrevivência. Já os mais calmos e distraídos, portanto menos ansiosos, eram os primeiros a serem devorados.

Isso prova também porque vivemos em uma época que todo mundo, em maior ou menor grau, é ansioso. Se os mais calmos eram devorados por tigres-dentes-de-sabre, tiranossauros ou mamutes no período jurássico ou depois morriam mais rápido nas guerras antigas ou nas mais atuais, hoje, pela seleção natural, os ansiosos sobreviveram.

Apesar de não haver mais predadores vorazes à solta esperando o momento de nos atacar, a seleção natural ainda persiste quando analisamos outras ameaças. Cientistas da Universidade Stanford descobriram, por exemplo, que pessoas mais ansiosas perdem menos dinheiro em investimentos financeiros de risco. Isto porque quem é mais ansioso se preocupa mais e aprende mais rápido quando o risco de perder é real. A ansiedade pode ainda salvar a sua pele.

Quando vira doença?

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Durante o momento que uma pessoa está em estado de alerta para não ser atacada pelo predador ou para retirar seu dinheiro daquela aplicação, ou seja, vivendo um momento de ansiedade, ela passa por um processo fisiológico provocado pelo sistema nervoso. Essa experiência proporciona uma alteração de neurotransmissores associados à ansiedade (como a adrenalina, noradrenalina e cortisol) e traz como consequência sintomas físicos (como frequência cardíaca, suor, tremores, etc.) e aumento da percepção de “estar nervoso” ou “assustado”.

Segundo o Dr Francis Mourão, Médico Psiquiatra e Homeopata, a ansiedade pode ser diagnosticada doença quando as reações fisiológicas do sistema nervoso aparecem em intensidade desproporcional ao estímulo, com duração prolongada e gerando sofrimento na pessoa.

“Os sintomas fisiológicos mais comuns do transtorno de ansiedade são boca seca, dificuldade para engolir, palpitações, rubor, palidez, hiperventilação, dormência nos dedos, tremores e diarreia. É comum sintomas comportamentais, como evitar situações ou pessoas, ter ‘rituais’ como uma sequência que tenha que seguir para sair de casa, por exemplo, hipervigilância, prejuízo da atenção, insônia e redução da libido”, explica Dr Mourão.

Tratamento

A medicina alopática recomenda o uso de medicamentos como antidepressivos e psicoterapia.  “Como o objetivo do tratamento homeopático é o restabelecimento do equilíbrio energético do indivíduo, os medicamentos que indicamos para esses casos são para proporcionar uma convivência com a ansiedade de forma mais equilibrada, sem sofrimentos. É comum que a pessoa ao procurar um tratamento homeopático para a sua ansiedade já tenha passado por diversos outros médicos e esteja usando medicações alopáticas. Devido à fragilidade emocional do paciente, é recomendada a retirada gradual da alopatia e, ao mesmo tempo, inicia-se o uso do medicamento homeopático. Em minha experiência não tenho notado interferências entre uma e outra medicação”, explica o Psiquiatra e Homeopata Francis Mourão.

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Dr Mourão também explica que, assim como nos demais tratamentos homeopáticos, o medicamento não é indicado para um sintoma apenas, relacionado à ansiedade, mas para a totalidade de sintomas do indivíduo. “Apesar de sabermos que alguns medicamentos apresentam melhores resultados aos sintomas de ansiedade, a prescrição homeopática deve corresponder à totalidade sintomática do indivíduo e a sua maneira de se relacionar com o mundo de forma geral.”

O especialista lembra, também, que são indiscutíveis os benefícios da atividade física nesses casos, pois a liberação de certos neurotransmissores como endorfinas por meio de exercícios físicos provoca uma sensação de bem estar. Isso aliado ao suporte de psicoterapia pode diminuir o sofrimento do paciente, agilizar o tratamento e proporcionar mudanças comportamentais.